segunda-feira, 20 de maio de 2013

Minha primeira crise da vida adulta

    Meu nome é Gabriela. Tenho 18 anos, 50 quilos e quase 1,60 m. Sou paulista, de uma cidade de menos de 150 mil habitantes. Com dez anos, comecei a subir no telhado para escrever e, ainda que tenha sido expulsa de meu esconderijo assim que minha mãe descobriu meu estranho hábito, nunca perdi o gosto pela escrita. Sou quieta, tímida e até um pouco anti-social. Tenho uma gata que gosta mais do meu namorado do que de mim.  Sou universitária. E não tenho a menor ideia do que quero fazer da vida.

    Essa é uma questão que tem me incomodado bastante. Estava tão obcecada com o vestibular no ano passado que isso não me passou pela cabeça. Só hoje, tendo superado esse gigantesco obstáculo e dentro do curso que eu escolhi, eu percebi que querer que alguém de 16, 17, 18 anos decida o que vai fazer pelo resto da vida é completamente absurdo! Nós vamos passar em média 5 anos na faculdade e pelo menos 25 trabalhando, portanto ficaremos presos a nossa escolha pelos próximos 30 anos. Mas, meu Deus, eu só tinha vivido metade disso quando fiz meu primeiro vestibular!
    "Mas você pode trocar de curso, se não gostar do que escolheu". Claro, eu posso trocar uma vez. Mas e se eu errar de novo? E se eu descobrir no terceiro ano da faculdade, ou no meu segundo ano de formada, que não é aquilo que eu quero? Quem vai me dar uma terceira, quarta, quinta chance?
    E aqueles que precisam trabalhar - em um emprego de verdade, não em algo que pague um salário mínimo -, que precisam se manter ou manter a família toda? Como alguém nessa situação pode largar tudo e começar de novo, só porque fez uma escolha ruim aos 17 anos?
    A pior parte é que eu sei que não adianta dizer para alguém que está se formando no ensino médio, ou está em seu primeiro ano do cursinho "ei, vai com calma, você não precisa ir para a faculdade agora". Não adianta. Ano passado, qualquer um que me dissesse isso seria automaticamente rotulado por minha cabeça como insano. Afinal, ninguém quer "perder um ano".
    Passei uma semana nesse drama louco, com direito ao pacote completo: chorar, pedir colo de mãe, não ter vontade de sair da cama. Então eu finalmente percebi que não queria ser derrotada por aquele problema tão simples de se resolver. Assim, tive a minha primeira ideia sensata da vida adulta: se a faculdade me deixa tão infeliz, por que continuar? Por que insistir em algo que eu sei que não vai me satisfazer - ainda mais quando não é só uma questão de passar 4 anos estudando algo que não me agrada, mas também de me ocupar com pesquisas, monografias e, no futuro, com um emprego, ao qual eu estaria presa até me aposentar?
    E foi dessa forma que eu tomei minha primeira grande decisão da vida adulta.

    Meu nome é Gabriela. Tenho 18 anos, 50 quilos e quase 1,60 m. Sou paulista, de uma cidade de menos de 150 mil habitantes. Com dez anos, comecei a subir no telhado para escrever e, ainda que tenha sido expulsa de meu esconderijo assim que minha mãe descobriu meu estranho hábito, nunca perdi o gosto pela escrita. Sou quieta, tímida e até um pouco anti-social. Tenho uma gata que gosta mais do meu namorado do que de mim.  Não sou mais universitária. E estou pronta para fazer algo que me faça feliz.

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